Matéria de Guilherme Freitas sobre a Acéphale, publicada nO Globo de 10/8/2013:
“O homem escapou da sua cabeça como o condenado da prisão”, escreve Georges Bataille no primeiro número da revista “Acéphale”, que fundou em 1936 com artistas e intelectuais de seu círculo, como Pierre Klossowski, Georges Ambrosino e André Masson. O desenho de Masson estampado na capa lembra a clássica figura humana representada por Leonardo da Vinci — só que não tem cabeça, segura um coração em chamas numa mão e um punhal na outra, e ostenta uma caveira no lugar dos órgãos genitais.
“Acéphale” era ainda o nome de uma sociedade secreta criada pelo filósofo na época. Diz-se que ela se desfez depois de seus membros tentarem organizar, sem sucesso, um sacrifício humano.
A revista também teve vida curta: apenas cinco números, entre 1936 e 39. Mas registra uma fase crucial do pensamento de Bataille, em meio a seu rompimento com o grupo surrealista de André Breton e a escalada nazifascista que levou à Segunda Guerra.